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domingo, 11 de novembro de 2012

AVC matou 62 mil jovens em dez anos


Doença que mais mata no País e que costuma ser associada a pacientes idosos, o acidente vascular cerebral (AVC) também atinge jovens. Levantamento feito pelo Ministério da Saúde mostra que 62.270 pessoas com menos de 45 anos morreram no País, entre os anos 2000 e 2010. Do início da década até setembro deste ano, 200 mil pacientes nessa faixa etária foram internados em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) – não entram na conta as internações na rede particular.

A questão não é preocupante apenas no Brasil. Estudo da Universidade de Cincinnati, publicado em outubro no periódico da Academia Americana de Neurologia, mostrou que, nos anos de 1993 e 1994, 13% das pessoas que sofreram derrame tinham menos de 55 anos. Em 2005, essa porcentagem alcançou 19%. O trabalho analisou pacientes da região metropolitana Cincinnati/Northern Kentucky.
“Essa é uma tendência mundial, que vem com o aumento dos chamados fatores de risco – obesidade, hipertensão, diabete e sedentarismo. Com tecnologia e melhores serviços, a mortalidade cai”, afirma o secretário de Atenção à Saúde do ministério, Helvécio Miranda Magalhães.
A tecnologia mais recente adotada pelo Ministério da Saúde é o medicamento alteplase, único aprovado para o tratamento de AVC isquêmico (quando não há hemorragia; tipo que responde a 80% dos derrames). O remédio passou a ser fornecido pelo SUS em abril. Se for ministrado até 4h30 depois dos primeiros sintomas, reduz as sequelas do derrame.
Em abril, o ministério também divulgou os critérios para a habilitação de hospitais que serão referência para o atendimento de pacientes com AVC – até agora, dois assinaram convênio com o governo: o Hospital de Clínicas de Porto Alegre e o Hospital Geral de Emergência de Fortaleza.
“Queremos criar centros de referência regionais. Identificamos duzentos hospitais que têm potencial maior para esse tipo de atendimento”, disse o secretário.
O AVC pode ser isquêmico, quando há entupimento dos vasos que levam sangue ao cérebro. Ou hemorrágico, quando esses vasos se rompem. Em idosos, a causa principal é a aterosclerose, processo de inflamação que leva à obstrução das artérias por placas de gordura, explica o vice-presidente da Associação Brasileira de Neurologia (Abneuro), Rubens José Gagliardi.
“Nos jovens, as causas são diferentes, como malformações cardíacas ou nas artérias, uso de drogas e de anorexígenos, como femproporex e anfepramona (anfetamínicos), remédios já proibidos”, diz Gagliardi. Ele cita ainda o uso de anticoncepcionais associado ao tabagismo, além da gravidez.
Antonio Carlos Worms Till, fundador do Vita Check-Up Center, lembra que as malformações não são maiores hoje. “O que mudou foi o estilo de vida, com a epidemia de obesidade, mais estresse, mais crises hipertensivas”, diz. Ele ressalta a importância de exames de rotina, como a dosagem de sangue, que permite controlar glicemia e colesterol.
“Sem essa ferramenta tão simples, o diagnóstico vem depois do AVC, quando a pessoa terá sequelas motoras, alteração de fala, perda de força. A recuperação para a vida social é extremamente cara sob vários aspectos – psicológico, emocional e financeiro”, diz.

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